quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Cuidadores também sofrem

Filhos cuidadores também sofrem impacto do Alzheimer 

Divisão de tarefas e até troca de emprego são alternativas


Seja pela internet ou presencialmente, a troca de experiências entre cuidadores e parentes é de fundamental importância para saber lidar com os difíceis sintomas da doença de Alzheimer e melhorar a convivência e a qualidade de vida da família como um todo.

INTERESSA - PERSONAGEM

Durante os 13 anos em que a professora Anna Izabel Arnaut conviveu com o Alzheimer, a funcionária pública Ana Heloísa, 57, se dedicou totalmente à mãe. “Deixei a vida social e tudo de lado. Não sabia o que era shopping, cinema, viajar”, diz. Todo empenho, apesar de gratificante, não escondia, porém, o quão cruel a doença pode ser. “A medida em que a doença vai progredindo, você vai vendo a pessoa morrer em vida. A primeira coisa que choca é quando ela não te reconhece mais”, conta.
É inegável o impacto emocional para familiares e pacientes com a doença, que já acomete, pelo menos, 1,2 milhão de pessoas no país, sendo cerca de 100 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Alzheimer Brasil (IAB). Mas parentes que cuidam de familiares podem ainda ter a carreira prejudicada pelas inúmeras faltas, licenças e, muitas vezes, até o abandono da profissão.
Pesquisa do Families and Work Institute estima que cerca de 34 milhões de norte-americanos empregados cuidaram de alguém com mais de 50 anos em 2014. Desses, metade informou alguma influência ruim na carreira, conforme dados da associação dos aposentados e a National Alliance for Caregiving.
Mesmo contando com o apoio de uma pessoa para as tarefas de casa, Ana Heloísa se desdobrava para ficar com a mãe. “Não pude pensar em parar de trabalhar, porque não teria de onde tirar o nosso sustento, mas tive que me mudar para perto do meu trabalho e, juntando muitas férias, consegui ficar quase um ano com ela”, lembra.
Soluções. Para minimizar os impactos, a coach pessoal e profissional Raquel Furtado afirma que o primeiro passo é avaliar a situação com racionalidade e, em seguida, negociar. “É comum que uma ou duas pessoas fiquem com a carga mais pesada dos cuidados, mas a família precisa resolver como o acompanhamento do idoso será feito e por quem, de preferência, com uma escala de cuidados”, orienta.
Já quando o doente entra em um estágio que não consegue ficar sozinho, o ideal, segundo Raquel, é contar com o apoio de cuidadores profissionais ou optar pela internação especializada. Como nem todos têm acesso a esse tipo de alternativa, a coach reconhece que, em casos de familiares que trabalham com um alto nível de exigência de resultados e com horários rígidos, é preferível tentar trocar de emprego.
“Outra alternativa é tentar trabalhar de casa ou buscar trabalhos de meio período. Se realmente não houver outra opção, recomendo que o familiar tente se manter atualizado o máximo possível, seja lendo, pesquisando e fazendo cursos online. Mesmo que a pessoa não volte a se reinserir no mercado de trabalho, esse processo vai ajudá-la a não ficar de fora das conversas e a minimizar o impacto emocional”, afirma.



Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/filhos-cuidadores-tamb%C3%A9m-sofrem-impacto-do-alzheimer-1.1220273

Nenhum comentário:

Postar um comentário