terça-feira, 29 de setembro de 2015

Prefácio

Sempre fui fascinada pela minha atuação profissional em diferentes fases da vida. Já trabalhei com bebês, crianças, adolescentes, adultos e agora, o destino me conduziu a trabalhar, respirar, sonhar e conviver com muito prazer com os nossos idosos.
Interessada neste tema “envelhecimento”, busquei informações com a pessoa que mais me preocupo atualmente: minha mãe. Questionei-a sobre suas expectativas para o futuro e ela então me deixou bem claro sobre o seu sentimento de medo.
Medo de adoecer, de depender e principalmente perder a consciência. Claro que assim como a maioria dos “jovens idosos de 60” o conceito de envelhecimento parece ser sinônimo de doenças.
Será que esses sentimentos não são frutos da nossa atitude em relação aos nossos idosos? Será que nos esquecemos de valorizá-los e por isso eles fazem essa associação?
Meus pais sempre me passaram a imagem de que seus avós viveram por muito tempo lúcidos, grandes matriarcas e patriarcas, independentes e com alta capacidade de ensinar os seus descendentes. Imponderados com a experiência e dignos de respeito pelas atitudes e palavras sábias. Eu diria que eles eram verdadeiros MENTORES.
Pensando nos nossos queridos “jovens idosos de 60”, que serão nossos idosos de 70, 80, 90 e 100 anos de amanhã, me comprometi em mudar esse conceito, e proponho para nós, jovens adultos de hoje uma reflexão para com as nossas atitudes frente ao envelhecimento.
Comprometo-me a apoiar, preparar e orientar as famílias que terão o privilégio de conviver com nossos queridos MENTORES.
Comprometo-me a instigar nossos profissionais de saúde para atuações que visem não apenas as alterações do envelhecimento ou em qualquer fase da vida, sem conceito de doença, e sim um processo natural da vida.
Uma atuação que respeite as diferenças individuais e psicossociais.
Um exemplo do que imagino sobre isso é me propor a desenvolver atividades que os estimulem, os desafiem e que atinjam aos nossos objetivos, considerando também as suas complexidades e decisões do que eles querem para si.
Imagine eu, desafiando um grupo de idosos que se interessam por cálculos, que tiveram formação profissional nesta área de extatas e/ou que sempre administraram as contas da família. Vejam, por meio de uma atividade que pode ser de brincadeira ou não, consigo atingir muito dos nossos objetivos (estimulação cognitiva, social, memória, fala, linguagem...e etc)  sem parecer chato e impositivo demais. Muitos idosos tiveram em sua vivência, prazeres e desprazeres que somente eles poderão nos dizer, por meio da fala, olhares e comportamentos.
Da minha mãe eu posso dizer: ela não gosta de obrigações, cuida da casa e cozinha quando está inspirada, gosta de animais e de suas plantas. Vai à igreja toda semana e volta para casa lembrando as passagens da bíblia. Gosta  de aprender receitas na televisão e sempre me pede ajuda com o computador. Deixa a cozinha em ordem e me faz um café antes de nos despedirmos. É assim, nossa vida é assim. Por que não continuarmos?
Para finalizar essa reflexão, vou contar de como terminou a conversa com minha mãe. Eu perguntei se ela gostava de fazer “terapia”, ela rapidamente me respondeu: “eu odeio, faço porque tenho que fazer”. Daí então eu perguntei novamente: “E se você fizesse atividades para os joelhos por meio de pilates, ginástica, natação, dança?”. Ela respondeu rapidamente: “NOSSA, AÍ SIM!”. Conhecendo-a, eu já sei que do ponto de vista biológico, as dores no joelho sempre existiram, porém do ponto de vista emocional sempre existiu o desejo dela de aprender a dançar e nadar.
Entendeu? É justamente isso que a equipe FonoCampinas.com se propõe a contribuir. Nossa missão é compartilhar experiências AMOR, COMPROMISSO, QUALIDADE E RESULTADO.

“Não podemos acrescentar dias a nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias” – Cora Coralina.


Amanda Hernandez – Fonoaudióloga

Membro do projeto FonoCampinas.com

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